“APRENDER VALE MAIS”
AUTOR: LUIZ SANTOS
Não foi em vão oferecer meu carinho lutar contra monstros invisíveis no mundo nebuloso em que vivias o que parecia decretado, as noites de orgias. No recanto sombrio ao fundo daquele bar, lá ela estava sentada à mesa a cerveja gelada, no gole amargo tal qual a noite.
Mesmo o sorriso aparente, não impedia de ver-se o véu Transparente e sofrido no rosto estampado.
Pedi licença para sentar-me ao seu lado, assim concedido com um gesto acenado, agradeci com muito obrigado.
No início do entendimento acanhado, entre nós, poucas palavras se ouviam.
Sem mesmo saber dali pra frente o que seria, ao garçom outra cerveja pedi e aí o relacionamento foi aos poucos se soltando. Logo percebi que se tratava de uma pessoa diferente, muito especial e com uma sabedoria infinda.
Eu que apenas queria uma noite de orgia, pasmei surpreso.
Então fiquei a ouvi-la quase sem interrupção e em cada frase uma nova história surgia de monstros invisíveis da noite. Que entravam e saiam, sem despedida, carinho ou gratidão. Dos quais recebia apertando nas mãos o preço amargo da decepção. E murmurou: Assim é a prostituição.
As horas avançavam a noite à dentro, ao encontro da madrugada, que testemunhava em silêncio as experiências vividas e contadas por ela, naquela mesa de bar.
Por alguns instantes, uma pausa. Assim permanecemos e ao garçom, mais uma cerveja pedi e uns petiscos para acompanhar. SUSSURREI:- NINGUÉM NADA PODE MUDAR SE NÃO PERSISTIR EM TENTAR. Ela repetiu a frase, como se quisesse gravar na memória.
Ao despontar do sol alertando para chegada de um novo dia,
Paguei a despesa, inclusive sua companhia que sem contestar recebeu, afinal era de o que vivia.
Saímos do bar e o calçadão da vida nos esperava entrelaçando pessoas em todas as direções. Decidimos nos despedir antes de mergulharmos a ele e seguirmos nossos caminhos adversos.
Mas sai dali na certeza de levar comigo muito mais do que o preço da despesa daquela noite sem sexo sem gozo, sem orgia.
O ensinamento de tanto conhecimento, o experimento de aprender com quem jamais esperava de quem só o corpo se pagava e que era a mercadoria que ela vendia.
Sim, aprendi a respeitar mais as pessoas, não pelo que elas fazem, mas sim pelo que elas são: Um ser humano, uma vida.
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